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Fabricante de pneus Continental admite que foi 'parte importante' do regime nazista alemão

Estudo mostra que 10 mil pessoas foram forçadas a trabalhar nas instalações da empresa

02/09/2020 às 00h09
Por: Edson Gilmar Fonte: André Paixão, G1
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Foto de arquivo mostra edifício administrativo da Continental com propagandas do governo nazista alemão — Foto: Divulgação
Foto de arquivo mostra edifício administrativo da Continental com propagandas do governo nazista alemão — Foto: Divulgação

A Continental, fabricante alemã de pneus, admitiu que a empresa foi “parte importante” do regime industrial do país durante o governo nazista de Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940, e que utilizou mão de obra forçada ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), iniciada há exatos 81 anos, em 1º de setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia.

“A Continental era uma parte importante da máquina de guerra de Hitler”, disse Elmar Degenhart, presidente-executivo da Continental.

A empresa contratou pesquisadores independentes para estudarem a relação da empresa com o governo nazista do país nas décadas. O estudo, que se intitula “Fornecedor da Guerra de Hitler. O Grupo Continental na Era Nazista”, na tradução para o português, foi conduzido pelo historiador Prof. Paul Erker, da Universidade de Munique Ludwig-Maximilians.

“Empresas como Continental, VDO, Teves, Phoenix e Semperit eram a espinha dorsal dos armamentos nacional-socialistas e da economia de guerra”, disse Erker.

Imagem de arquivo mostra trabalhadores forçados limpando os escombros de fábrica de pneus Phoenix destruída — Foto: Divulgação
Imagem de arquivo mostra trabalhadores forçados limpando os escombros de fábrica de pneus Phoenix destruída — Foto: Divulgação

 

Os resultados das pesquisas de Erker mostram que a fabricante, além de outras empresas, adquiridas posteriormente pela Continental, participaram ativamente do regime nazista. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, a companhia utilizou o trabalho forçado de cerca de 10 mil pessoas.

“Suas origens eram diversas e iam de “jovens fascistas” italianos a trabalhadores temporários da Bélgica ocupada e prisioneiros de guerra franceses e russos”, disse o comunicado.

Além disso, nos últimos anos da guerra, prisioneiros dos campos de concentração alemães eram usados na produção de máscaras de gás, além de serem “explorados e maltratados até a debilidade e morte”.

Durante a guerra, a Continental mudou seu foco de produtos usados no cotidiano dos alemães para aqueles essenciais nos campos de batalha.

Nessa época, a empresa produziu pneus para automóveis, caminhões, motocicletas, bicicletas e aviões, máscaras de gás, solas de sapatos e faixas para tanques. "A empresa lucra consideravelmente com a política de mobilização e armamento nazista", disse, em comunicado.

Em meio a isso, a diretoria da Continental esteve ativamente envolvida no processo e contribuiu para a radicalização da força de trabalho.

Como resultado do estudo independente, a Continental lançou o programa “Responsabilidade e Futuro”.

Segundo a empresa, o objetivo é "fazer com que o aprendizado contínuo com o passado da empresa seja uma parte firmemente estabelecida de sua cultura corporativa".

Além disso, a Continental vai abrir seu arquivo para a comunidade acadêmica e apresentar publicamente os nomes das pessoas que trabalharam de maneira forçada para a empresa em uma placa comemorativa, assim que esses nomes forem conhecidos.

Outras empresas alemãs no regime nazista

Vale lembrar que diversas outras empresas do setor automotivas na Alemanha também tiveram participação no regime nazista.

Hitler criou a Volkswagen, ou "carro do povo", na tradução, para ser uma fabricante de veículos acessíveis para a população. Ele encomendou para Ferdinand Porsche o projeto desse modelo. que daria origem ao Fusca. Porsche, depois da guerra, fundaria a empresa que leva seu sobrenome.

 

BMWfundada durante a Primeira Guerra Mundial, começou produzindo motores de avião. Após o conflito, foi obrigada a mudar de ramo, e passou a fazer motocicletas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa usou a mão de obra de 50 mil trabalhadores de maneira forçada. Novamente, após o conflito, a empresa mudou de área, e, até 1948, fabricou panelas, potes e bicicletas.

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