A escolha do governador interino Laurez Moreira para comandar a Secretaria da Educação (Seduc) gerou forte reação entre profissionais do setor. Nomeado nesta terça-feira, 9, o advogado Hércules Jackson Moreira Santos assume a pasta sem qualquer histórico ligado à área educacional, o que levanta dúvidas sobre a condução das políticas públicas e, principalmente, sobre o futuro do novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores.
O PCCR é considerado uma das maiores conquistas recentes da categoria, pois prevê avanços importantes na valorização dos profissionais da educação: progressões garantidas, recomposição salarial, estruturação de carreiras e benefícios que buscam corrigir anos de defasagem. A chegada de um gestor sem experiência técnica no setor coloca em xeque a implementação do plano, já que a Seduc será responsável por viabilizar e negociar os impactos financeiros e administrativos junto ao governo.
O currículo de Hércules Jackson mostra a distância em relação ao universo educacional. Ele é advogado e palestrante, com especializações em Direito Ambiental (UFPR), Tributário (UCAM), Penal e Processo Penal (UFT). Foi chefe da Assessoria Jurídica do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), diretor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Regularização Fundiária (Sedarf), presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/TO e é sócio de um escritório de advocacia. Não há, contudo, experiência prática em gestão escolar, políticas pedagógicas ou formação docente.
A nomeação reforça uma crítica recorrente às escolhas políticas que ignoram o perfil técnico exigido para cargos estratégicos. A opção por um advogado em detrimento de um profissional com vivência na área soa como um retrocesso.
Para entidades e especialistas, a decisão fragiliza a credibilidade do governo junto à comunidade escolar. Ao priorizar acordos políticos em vez de critérios técnicos, Laurez arrisca transformar o PCCR, tão aguardado pelos servidores, em mais uma promessa sem execução efetiva.