
A Polícia Civil do Tocantins prendeu, na manhã desta sexta-feira (12), em Palmas, Mara Jane Nascimento Ferreira, de 33 anos, acusada de mandar matar o próprio marido, o empresário Raimundo Roberto Marques Carneiro — conhecido como “Beto do Peixe” ou “Beto do Abade”. Ela estava foragida desde novembro de 2024, quando a Justiça do Pará decretou sua prisão preventiva pelo crime ocorrido em Curuçá, no nordeste paraense.
Mara Jane foi localizada enquanto trabalhava em uma sorveteria no centro da capital tocantinense. A prisão foi realizada por investigadores da 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP), após troca de informações entre a Polícia Civil do Pará e a equipe comandada pelo delegado Israel Andrade.
No momento da abordagem, a investigada apresentou uma carteira de identidade falsa em nome de “Dayane Melo Carvalho”, na tentativa de enganar os policiais. O golpe, porém, não surtiu efeito: a equipe já havia confirmado previamente a verdadeira identidade da suspeita.
Além do mandado de prisão preventiva pelo homicídio, Mara Jane foi autuada em flagrante por falsidade ideológica. Após ser interrogada, ela foi encaminhada à Unidade Penal Feminina de Palmas, onde aguarda recambiamento para o Pará.
O assassinato de “Beto do Peixe” ocorreu no dia 16 de novembro de 2024, na comunidade de Itajuba, zona rural de Curuçá. O empresário foi executado dentro do próprio carro com cerca de 12 disparos, por dois homens em uma motocicleta. Ele havia acabado de deixar um funcionário em casa quando foi surpreendido pelos atiradores, sem chance de defesa.
Cinco dias após o crime, os suspeitos Alexandre Quadros Corecha e José Roberto Rodrigues Ramos — ambos guardas municipais — foram presos. As investigações revelaram que eles integravam uma milícia formada por guardas municipais e seguranças privados. Durante depoimento, confessaram detalhadamente a execução e apontaram Mara Jane como mandante.
Segundo os acusados, ela teria contratado o assassinato com o objetivo de ficar com o dinheiro e os bens da vítima. O crime gerou forte comoção na cidade, onde o empresário era muito conhecido por sua atuação no comércio de pescado e por sua ligação com a Vila do Abade.
As investigações também identificaram um terceiro envolvido: Anderson, primo da mandante. Ele teria sido responsável por intermediar a contratação dos executores. A Justiça decretou sua prisão preventiva, e ele segue foragido.
Após a formalização dos procedimentos em Palmas, Mara Jane permanece recolhida à disposição da Vara Única de Curuçá. A expectativa é que ela seja transferida para o Pará nos próximos dias, onde responderá tanto pelo homicídio quanto pelo crime de falsidade ideológica.
O caso segue sob investigação para esclarecer eventuais outros envolvidos e aprofundar a atuação do grupo paramilitar descoberto durante as apurações.
Reportagem: Allessandro Ferreira / Agência Tocantins