A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) expandiu suas operações para além das fronteiras brasileiras e já conta com integrantes em pelo menos 28 países, segundo relatório do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) divulgado nesta semana. O documento revela um preocupante avanço do crime organizado e reforça o papel do PCC como uma das maiores forças do narcotráfico da América Latina.
Conforme o levantamento, a facção — que nasceu nos presídios de São Paulo — mantém 2.078 membros identificados fora do Brasil, dos quais 1.092 estão presos e 986 seguem em liberdade. O número evidencia o nível de organização e o alcance internacional do grupo.
O relatório destaca que a presença mais significativa da facção se concentra em países da América do Sul. O Paraguai lidera com 699 membros identificados — sendo 358 em liberdade e 341 presos. Em seguida aparecem Venezuela (239 soltos e 417 presos), Bolívia (71 em liberdade e 75 detidos) e Uruguai (44 soltos e 96 encarcerados). Esses quatro países concentram a maior parte dos integrantes fora do território brasileiro.
Além disso, há registros expressivos de atuação do PCC na Argentina, Colômbia, Peru e Portugal, demonstrando o poder de articulação da organização tanto em países produtores e de trânsito da droga quanto em nações de destino na Europa.
Apesar da concentração na América do Sul, o relatório aponta que o PCC já alcançou outros continentes. A facção possui integrantes identificados em países como Alemanha, Suíça, Sérvia, Guiana Francesa, Líbano e Equador, com ao menos um membro em cada um desses territórios. Essa dispersão geográfica revela a capacidade da organização de se infiltrar em estruturas locais e operar de forma globalizada.
A atuação transnacional do PCC reforça os desafios enfrentados pelas forças de segurança na contenção do crime organizado. O MP-SP destaca a necessidade de cooperação internacional e articulação estratégica entre os países para conter o avanço da facção e enfraquecer suas redes de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro.
Criado no início dos anos 1990 em presídios do estado de São Paulo, o PCC passou de uma organização com fins de autoproteção dentro do sistema carcerário para um dos grupos criminosos mais influentes da América Latina. Hoje, atua como uma verdadeira empresa do crime, com estruturas logísticas, braços financeiros e rede de contatos dentro e fora do país.
A presença crescente em nações estrangeiras é um alerta para as autoridades sobre a urgência de medidas conjuntas no combate ao crime organizado transnacional — cuja influência, como mostram os números, já não se limita às fronteiras brasileiras.
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